Capitólio
Notas de Programa por Sérgio Fontão
Os motetes de Johann Sebastian Bach constituem um conjunto de obras maioritariamente compostas como odes à memória de defuntos, por ocasião de exéquias ou de cerimónias evocativas. Estas obras atingem um elevado grau de complexidade e de sofisticação de composição e são consideradas, entre as obras vocais de Bach, como as mais extraordinárias, verdadeiros pontos altos da música polifónica europeia.
Os motetes de Bach possuem determinadas características comuns que os distinguem das restantes obras vocais do compositor alemão: a utilização frequente de um coro duplo (duas vezes quatro vozes), a ausência de acompanhamento instrumental distinto das vozes e uma escolha dos textos mais livre do que nas cantatas ou nas paixões. Sem recurso a um libretista, os textos são extraídos de poemas ou dos evangelhos, estruturando de forma decisiva a música do motete.
Os musicólogos dividem-se quanto à forma de interpretar os motetes: a cappella (sem acompanhamento instrumental) ou com instrumentos tocando baixo contínuo ou, em alternativa, colla parte (ou seja, dobrando todas as vozes). Não permitindo a análise das fontes esclarecer esta questão de forma definitiva, a opção cabe aos intérpretes.
A maioria dos motetes que chegaram aos nossos dias foi composta durante o período em que Bach trabalhou em Leipzig, para acontecimentos especiais, como comemorações ou funerais, ao contrário das restantes obras vocais do compositor alemão, escritas para celebrações religiosas regulares, no âmbito das suas atribuições enquanto director artístico do coro da Igreja de São Tomás, em Leipzig.
Voces Caelestes
Sérgio Silva, órgão
Sérgio Fontão, maestro
JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)